quinta-feira, 5 de março de 2009

Batismo na praça e nas lans


Mês da inclusão digital começa com grande ação no estado para popularizar a informática
Frederico Bottrel

Para muita gente, é preciso admitir, é como se este caderno fosse escrito em grego. Não é raro encontrar quem tenha até medo da palavra informática. Todos sabem como pode ser sofrido o primeiro contato com o mouse, o teclado e as janelas que se abrem na tela e conduzem a mundos desconhecidos e distantes, para grande parte da população. E vencer barreiras desse tipo não é fácil. Mas é pensando que é preciso começar por algum lugar que o próximo sábado é a data marcada para o Batismo Digital em mais de 500 lan houses em todo o estado, além de estande com 50 computadores na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. A ação marca o início das atividades, em Minas, do mês da inclusão digital.
“É uma questão crucial porque o grande desafio da sociedade, na perspectiva da economia do conhecimento, é a inclusão; as pessoas devem estar capacitadas para usar a internet, saber das potencialidades que existem”, diz o secretário de Ciência e Tecnologia do estado, Alberto Duque Portugal. O analfabetismo digital é hoje um problema que atravanca o desenvolvimento, assim como já foi o analfabetismo literal, de acordo com o secretário.
As atividades de batismo, para acompanhar os primeiros passos de pessoas que nunca usaram um computador, no mundo da tecnologia, são parceria do governo do estado, da promotoria de combate aos crimes cibernéticos e da Associação das Lan Houses de Minas Gerais (Almig). Além das lans e dos PCs na praça, outros 58 centros vocacionais tecnológicos e 457 telecentros estarão engajados na programação: batismo de graça, a quem quiser se converter a esse novo mundo.
Para isso, a iniciação se dá em dois módulos distintos, como explica Portugal: “O Batismo Digital 1.0 é para aquelas pessoas totalmente leigas, que usarão o computador pela primeira vez. Já aqueles que foram iniciados, mas não conhecem todo o potencial da internet, passarão pelo Batismo 2.0, que os capacitará com relação às oportunidades e interações das redes sociais e da web colaborativa”. Os processos duram no máximo 15 minutos (pode ser menos, dependendo do fluxo de aprendizado) e são destinados a escolas municipais, público da terceira idade, pais de família, jovens e demais interessados.
Segundo o presidente da Almig, André Rubens Simões, o evento é também importante para ressaltar a imagem positiva do segmento junto à sociedade e o papel fundamental das lans na inclusão digital e social. “Cerca de 50% dos acessos à internet no Brasil são realizados pelas lan houses. É importante mudar a percepção de que esses ambientes seriam locais inseguros e usados para a prática de crimes.”
“Já estamos habituados a isso, porque os instrutores de lan house se deparam no dia-a-dia com usuários iniciantes e acabam dando suporte, por tabela”, diz Lúcio Ikui, proprietário da Planet Lan House, no Bairro Silveira, que vai aderir ao batismo no sábado. São mais de 10 mil lan houses em Minas. Por enquanto, cerca de 200 na capital e 300 no interior já foram convocadas pela Almig para oferecer a estrutura e realizar o batismo gratuitamente, no dia do evento.

• SEGURANÇA E CONTINUIDADE

Outro foco do Batismo Digital em Minas é conscientizar a população sobre os riscos da navegação na internet. O Ministério Público, por meio da Promotoria de Combate a Crimes Cibernéticos, vai oferecer palestras educativas voltadas aos pais de jovens internautas sobre os cuidados a serem tomados para evitar crimes virtuais. O conteúdo envolve a navegação em redes de relacionamento (Orkut, Facebook, Myspace), salas de bate-papo, envio de mensagens por e-mail e comércio eletrônico.

Segundo a promotora de Justiça e coordenadora da Promotoria de Combate a Crimes Cibernéticos, Vanessa Fusco, o Batismo Digital “é oportunidade de aproximar as pessoas do ciberespaço, fazendo com que saibam aproveitar as ferramentas colocadas à disposição de todos através da Internet, e, sobretudo, aprendendo a navegar com segurança”. A agenda do evento, inteiramente gratuita, traz uma série de oficinas realizadas simultaneamente ao batismo. Programas de Inclusão Digital do Governo de Minas; Utilização da Web 2.0 para a promoção de Negócios e Inovação; e o papel das lan houses na inclusão social.


Fonte: Jornal Estado de Minas de 05 de março de 2009.

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